Ainda nas reflexões acerca da frase de Steve Pavlina, a ideia, hoje, é mostrar como os ensinamentos de Mestre Rohm, quando relacionados a frase de Pavlina, implicaram no meu desenvolvimento até hoje.
A disciplina na minha vida
Tenho que admitir que, para a minha felicidade (hoje, não tanto no passado), meus pais incentivaram muito a disciplina em mim, desde que eu era criança. Todos os dias eu tinha um momento para ver televisão, brincar, comer, ir para a escola e fazer os deveres de casa ou estudar. Sigo rotinas desde que consigo me lembrar, apesar de não gostar delas, porque além de me disciplinar, meus pais sempre reforçaram muito que, na vida, não fazemos apenas aquilo que gostamos de fazer.
Ao crescer, estudei no Colégio Santo Agostinho do 6º ano do ensino fundamental até o fim do ensino médio. Não tive outra opção além de seguir me disciplinando de forma cada vez mais autônoma, porque sabia que, no momento em que deslizasse, minhas notas cairiam e reprovar um ano não era uma opção para meus pais. Portanto, por mais que eles não acompanhassem meus estudos de perto a cada dia, eles ainda acompanhavam a minha situação geral, o que me mantinha na linha.
Depois de conhecer Mestre, percebi que o que eu entendia como disciplina me aprisionava e me gerava ansiedade, uma sensação de culpa que me dificultava o afastamento das atividades consideradas “produtivas”. Ou seja, eu não era disciplinada, eu não estava no controle do meu corpo. Durante o tempo em que assisti IPS120 e fui me desenvolvendo no PEP comecei a perceber que a verdadeira disciplina tinha sentido, as escolhas que eu fazia tinham um propósito. Por isso comecei a entender que o tempo de descanso é fundamental até mesmo para que eu tenha mais concentração nos momentos em que estou produzindo. Por isso, eu entendo que meu esforço agora é usar a disciplina para estar mais presente em todos os momentos.
Eu sei que eu não seria quem sou e não teria as oportunidades que tive se não fosse por três pessoas muito especiais, que durante a minha (curta) vida têm me iluminado tanto: meus pais que me deram uma direção, me ensinando o valor da disciplina desde tão cedo; e Mestre, que me deu um sentido, me mostrando que, diferentemente do que eu imaginava, a disciplina não precisa ser o caminho para uma prisão, e pode ser o caminho para a liberdade.
“Sem disciplina, sua vida está condenada a permanecer uma sombra pálida do seu potencial”
Acho que a melhor forma de falar sobre essa frase principia com a reflexão de um trecho de uma série que, depois de recomendada por Mestre Rohm, já me levou a risos, lágrimas e reflexões profundas mais de uma vez: “Quem sou eu? Você quer dizer, de onde eu venho? O que um dia eu poderei me tornar? O que eu faço? O que eu fiz? Quais são os meus sonhos? Você quer dizer… o que você vê? Ou o que eu já vi? O que eu temo ou com o que eu sonho? Quem eu amo? O que eu já perdi? Quem sou eu?”.
Como a Monja Coen afirma em seu livro “O sofrimento é opcional”, o “eu sou assim” não pode ser apenas o ponto de chegada, o momento de reconhecer-se como se é no presente e sentenciar-se a si mesmo a viver preso àquela versão de si por toda a vida. Esse deve ser o começo, o meio e, de certa forma, o fim. Deve ser a percepção em movimento de expansão, a presença no momento presente de forma a nos percebermos cada vez mais como nós. O “eu sou assim” é o ponto de onde se parte para mudar. É o ponto que permite que percebamos o distanciamento entre o que já fomos (o ponto de partida) e o que queremos ser (o ideal, o “ponto de chegada”). E é também o fim, a percepção de que chegamos a um lugar novo, de que conseguimos mudar por meio da disciplina quando andamos por esse caminho.
Reconhecer a situação presente não deve nos prender: deve nos dar esperança para sonhar e força para mudar. A partir do momento em que Mestre vê o potencial em nós que, na maioria das vezes, nós não vemos, devemos confiar nele e na sua sabedoria e seguir no caminho da disciplina de forma a desenvolver aquilo que apenas a disciplina pode desenvolver: um abandono de si mesmo que é a base para o desenvolvimento da liderança transformadora que existe em nós.
A disciplina na quarentena: para quê disciplinar-se durante o momento de isolamento social?
Tenho conversado com algumas pessoas durante essa quarentena em relação aos hábitos que adotamos nesse período de isolamento social e cheguei à conclusão à qual provavelmente todos já chegaram: ficar preso em casa nos gera sentimentos negativos que podem nos tirar a vontade de fazer qualquer coisa, talvez um início de depressão ou níveis mais avançados da doença para aqueles que já têm predisposição.
No meu caso, no meio da primeira semana de quarentena, comecei a programar uma rotina que me trouxesse algum conforto durante os meses que essa situação pode durar. Acordar todo dia às 7h, fazer exercício físico 6 vezes na semana, meditar por pelo menos 15 minutos ao dia, estudar para as pesquisas (hoje em dia estou em duas) durante a manhã e a tarde e, à noite, me desligar aos poucos e me dar tempo para pensar, ler, ouvir música, conversar com os amigos e a família. Além disso, como tenho passado muito tempo com as mesmas pessoas, decidi me esforçar para ter mais paciência e exercitar a libertação da raiva que mencionei na primeira publicação. Eu sabia que seria um desafio, mas, mesmo assim, no primeiro mês eu consegui seguir essa rotina. No segundo mês, contudo, eu ignorei o fato de que precisava descansar e achei que conseguiria produzir desde a hora que acordasse até a hora em que eu ia dormir. No terceiro mês, fui para outro extremo, fiquei desmotivada, exausta e acabei abandonando a rotina que tinha criado por achar que isso me traria liberdade e conforto.
Notei, porém, que neste período de indisciplina eu estava mais cansada, desmotivada e estressada do que no mês em que consegui seguir a rotina que tinha planejado. Por causa disso, nas últimas semanas tenho exercitado a disciplina de forma a olhar para além do desejo imediato e focar no longo prazo.
Por fim, posso dizer que, segundo o meu ponto de vista, esse é um momento que favorece o autoconhecimento porque, de uma forma ou de outra, estamos mais próximos dos nossos sentimentos negativos. Não temos mais o barzinho, a balada ou o jantar com os amigos para “tirar nossa cabeça dos problemas”. Quem conseguir aprofundar-se no próprio sofrimento vai emergir da crise uma pessoa muito diferente, se conhecendo mais profundamente e com uma visão mais clara do mundo. É isso que eu espero para os pepianos, para a sociedade brasileira e, de forma geral, para todos.
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