Edward Snowden é um ex-funcionário da NSA responsável por vazar uma série de provas sobre a atuação ilegal do órgão público de segurança dos EUA na vigilância de dados pessoais de cidadãos no mundo todo. Dentre os documentos vazados, existem provas da invasão feita pela NSA divulgando as mensagens trocadas na internet pela ex-presidenta do Brasil, Dilma Roussef, a primeira-ministra da Alemanha Angela Merkel, e muitos outros cidadãos, que foram espionados pela agência de segurança nacional estadunidense. Tratamos aqui da atuação das pessoas envolvidas na história dos vazamentos realizados por Snowden: os familiares, amigos, jornalistas envolvidos na produção de um documentário sobre o assunto e das notícias sobre o conteúdo dos arquivos.
Para que Snowden vazasse esses dados da NSA, muitas pessoas diferentes atuaram em conjunto. Por isso, foi importante analisar a participação de cada um dos envolvidos no processo, o que fizeram, quais dificuldades passaram para realizar os seus papéis, e a importância das lideranças transformadoras.
Snowden enfrentou alguns desafios para conseguir disseminar os documentos: o afastamento de sua família, amigos, namorada, a coragem que ele precisou ter, a vida que deixou para trás ao tomar a decisão de vazar os arquivos, o esforço dele no decorrer de sua caminhada até alcançar a posição de agente da NSA, o estresse de trabalhar na agência, a perseguição sofrida por ele, a impossibilidade de voltar a sua terra natal após os vazamentos… Além disso, Snowden sofria de epilepsia, e deixava de tomar os remédios que evitavam as crises para manter sua mente clara e conseguir obter as informações, documentos e dados que precisava vazar para comprovar a espionagem ilegal feita pela NSA. Foram muitos os sacrifícios enfrentados pela liderança transformadora para cumprir seu papel e agir no mundo, o foco e disciplina para não desviar de seu caminho, apesar das perdas que necessariamente sofreria.
Os papeis de outras pessoas ao redor de Snowden também foram muito importantes. Alguns profissionais da mídia ajudaram no processo para que as informações obtidas por ele na NSA chegassem ao conhecimento público: Glenn Greenwald, o jornalista que escreveu as matérias explicando em detalhes o conteúdo dos documentos, ajudou Snowden na disseminação das informações para as pessoas compreenderem do que se tratavam os vazamentos; Laura Poitras transformou em documentário a jornada de Snowden ao longo das publicações, revelando a pessoa e liderança transformadora por trás dos eventos; os editores dos jornais também precisaram se responsabilizar pelos riscos que existiam por trás da divulgação do escândalo; a namorada de Snowden o apoiou durante o processo, inclusive agindo de acordo com suas indicações para ocultar qualquer suspeita sobre o que pretendia fazer; os amigos e familiares precisaram se afastar de Snowden…
Percebemos, portanto, a rede de apoio por trás da liderança transformadora em suas ações para que tenha o impacto desejado, uma vez que nenhuma liderança pode agir sozinha. Tanto Glenn quanto Laura e outras pessoas que fizeram parte deste processo assumiram riscos e precisaram fazer sacrifícios para apoiar Snowden naquele momento de concretização de seu propósito.
Mas nem todos compreendem o propósito que está por trás das ações do ex-agente: algumas pessoas confundem o fato de Snowden ter vazado esses arquivos, com a atuação de algum hacker mal-intencionado. É fundamental, na busca por um propósito, que nos alinhemos ao propósito de outras pessoas com os mesmos valores que os nossos: esperar um suposto momento ideal na vida para agir, pode significar servir a alguém que talvez não tenha um propósito compatível com o que acreditamos. Desta forma, devemos fazer o melhor uso possível dos recursos que temos no momento presente para fortalecer o trabalho de lideranças nas quais confiamos, e que lutem por valores dignos para a sociedade, mesmo que não tenhamos clareza, ainda, do propósito de nossas vidas: o nosso lugar na sociedade é um lugar que necessariamente seria ocupado por alguém caso não nos dispuséssemos a ocupá-lo da maneira como fazemos. Para nós, talvez mais importante do que se perguntar “qual caminho eu quero seguir”, seja questionar “qual é o meu lugar na sociedade?”.
Precisamos do outro para crescer e para nos apoiarmos mutuamente em períodos de dificuldade, ressaltando o cuidado verdadeiro com as pessoas e não apenas a formação de grupos por vaidade. É importante estabelecer laços com pessoas que têm propósitos próximos ao nosso, permitindo nosso desenvolvimento contínuo e superando os desafios que aparecem em nosso caminho.
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